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Precisamos falar sobre Hot Space, do Queen, não é mesmo?

Vamos falar sobre Hot Space? Claro que vamos, amigos e amigas!

Mas vale lembrar que já temos um vídeo sobre este disco – aproveita e se inscrever lá:

E temo um programa inteiro sobre o Hot Space, ouvindo e reagindo ao disco inteiro. Podcast de primeira, escuta ai:

Faltava o texto, né? Bora então!

A trilha sonora do Queen para Flash Gordon despertou muita controvérsia com sua base de fãs quando foi lançada, muitas pessoas se perguntando para onde foi a política de “Sem Sintetizadores” da banda (embora, para ser justo, eles começaram essa tendência com seu oitavo disco, The Game) .

A pompa e o humor exagerado habituais da banda foram substituídos por arranjos de teclado sombrios e taciturnos e uma nítida falta da voz de Freddie Mercury. Naturalmente houve uma reação negativa por parte dos seguidores da banda, mas o pior ainda estava por vir… como Hot Space de 1982 acabaria por provar. Sim, de fato, este é o álbum que trouxe a influência dançante do Queen (originalmente encontrada no The Game) para o próximo nível; e quando digo próximo nível, estou falando sério.

Este álbum é quase inteiramente repleto de arranjos de synthpop dos anos 80, muitas gravações de bateria eletrônica e muito mais foco no baixo e nos vocais. Muitos fãs acham que este foi o álbum que representou o pior do Queen, o álbum até mesmo sendo incluído na lista da Q Magazine de “Álbuns onde grandes artistas de rock perderam o enredo”.

Então, uau, isso deve ser realmente horrível, certo? Bem, não exatamente.

Me incomoda o som do baixo sintetizado e da bateria eletrônica? Claro, mas era o que tinha para o disco. Ideias precisam ser testadas, né?

Embora este álbum possa soar um pouco desajeitado e inconsistente, há ótimas músicas e momentos suficientes para equilibrar os aspectos negativos do álbum. “Staying Power” é uma abertura divertida que dá o tom descolado para o resto do material com influência dançante do álbum, mas músicas como “Back Chat” e “Cool Cat” realmente fazem você se perguntar o que a banda estava pensando.

O primeiro tem uma vibração muito “disco dos anos 70”, soando como algo do meio de carreira de Michael Jackson, enquanto o último tem um ritmo lento e cheio de alma que poderia ter garantido à banda uma aparição no show “Soul Train” naquela época.

No entanto, a maior estranheza do disco seria o single de sucesso “Body Language”. Um número muito minimalista para os padrões do Queen, a música combina uma linha de baixo obscura com gritos e “gemidos sedutores” de Freddie com  alguns efeitos bizarros de sintetizador. Puro entretenimento, mas estranho.

Músicas como essas são compensadas por baladas e “rocks” mais tradicionais do Queen! “Put Out the Fire” é um número de hard rock anti-armas de fogo muito divertido (mesmo beirando o heavy metal) que inclui até um solo de guitarra de um embriagado Brian May!

É preciso entrar em muitos detalhes sobre “Under Pressure”? A música é um clássico!  A atuação convidada de David Bowie é maravilhosa, a linha de baixo rápida é uma ótima maneira de apresentar a peça, o refrão é realmente climático e bem arranjado.

Não posso deixar passar batido que “Action This Day” é uma espécie de mistura de dança e rock dos anos 70 do Queen reunidos em uma única música. Os versos peculiares soam como se pudessem estar em um disco do Devo (um dos melhores, veja bem), mas o refrão parece que poderia ter estado em A Day at the Races ou News of the World.

Então, o que significa toda essa análise? Algumas músicas fantásticas, algumas músicas boas e algumas músicas muito medíocres. Músicas como “Under Pressure” e “Put Out the Fire” trazem o ouvinte de volta aos anos 70 da banda, mas as músicas inspiradas na dança são bastante imprevisíveis.

Honestamente, é bem divertido o álbum – mas como um “trabalho” tradicional do Queen, é bastante fraco e tem muitas falhas.

Las Palabras de Amor é uma boa homenagem aos fãs latino-americanos, enquanto Life Is Real é uma das melhores homenagens a John Lennon. Ou seja, tem coisa aqui para ser garimpada!

Hot Space estava à frente de seu tempo. A mistura de rock, funk e disco era algo raramente ou nunca ouvido até então e este é, sem medo de errar, o disco mais experimental e ousado do Queen!

Aroldo Antonio Glomb Junior é jornalista e Athleticano

Aroldo Glomb

Mundo da Música