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Ídolos de barro

Outro dia ouvi uma história que me deixou assustado, confesso. Uma moça se derretia em lágrimas porque um político mineiro, que também faz parte da igreja que ela frequenta, prometera ir até uma cidade do interior do Paraná, mas furou.

Era como se houvessem a afrontado, cometido algum tipo de crime. Como se algo houvesse quebrado.

Algo foi quebrado.

O encanto.

Lembra da canção infantil?
”o anel que tu me deste era vidro e se quebrou, o amor que tinha nele era pouco e se acabou”.

Quando projetamos nos ídolos algo que buscamos, e a realidade de que são seres humanos normais, iguaizinhos a todo mundo se apresenta, somos feridos.

A moça se feriu porque achava que o político era diferente.
Não era.

Era um ídolo de barro.

Ídolo de barro é alguém que solta bravatas em público, mas no íntimo, normalmente, faz o contrário. Aqueles que tem valores muito claros no público, mas totalmente ocultos no privado.

O pé é de barro.
Pode cair.

Ídolo é uma entidade sem explicação.
É um jogador que você não conhece, mas que mereceu um pedaço do seu corpo para uma tatuagem, até que ele muda de clube.
É um cantor que embala suas noites até que ele é incriminado em esquema de apostas, mas ainda assim você acha que há uma grande conspiração contra ele.

Ídolos.

Os ídolos de barro estão em todos os lugares, não só na política, mas também no trabalho, em casa e nas amizades. Eles são o professor que nos decepciona, o colega que fofoca nas tuas costas, no convite que não chegou porque não se fez questão.

Os ídolos de barro podem, inclusive, nos incluir.
Será que somos ídolos de barro para alguém?

E se você for o ídolo de barro de alguém que ama?

Cuidado.
Barro seca.
Barro pode quebrar.