• Curitiba
  • New York
  • London
  • Tokio
MENU

Como surgiu o nome “restaurante”?

Que atire a primeira pedra quem nunca pisou num restaurante!
Pois bem, hoje eles fazem parte do nosso dia a dia, quer seja para saídas esporádicas, para as refeições diárias, ou então para comemorações especiais. Ah, não vamos esquecer das reuniões importantes de negócios. Enfim, estar dentro de um restaurante faz parte da vida de pessoas do mundo inteiro. É sem dúvidas, um comportamento global.

Você já parou para pensar como eles surgiram? Como foi que surgiu esse nome na história da humanidade? Já que o tema da coluna é Gastronomia como um todo, pensei sobre a origem do nome do principal local onde a gastronomia se desenvolve nos últimos séculos. Que tal entendermos como isso tudo começou?

Um espaço, com mesa, cadeira, que servia comida em horários específicos para grupos de pessoas e que cobrava por isso, começou mesmo no século XVIII e teve a Revolução Francesa como mola propulsora, segundo a versão do jornalista e escritor  J.A. Dias Lopes.

 

Os Chefs e o trabalho.

Cozinheiro chamado de Chef de Cuisine, com toda pompa e circunstância, existia antes disso, pois a realeza, de uma forma geral, adorava ostentar mesas sensacionais. Eram odiados pelo povo por isso.  Os próprios reis gostavam de ir para a cozinha, pois era um hobby cheio de glamour, em especial da elite francesa. Entre várias histórias pitorescas sabe-se que Luiz XV era conhecido por fazer excelentes petit-fours. Você consegue imaginar aquela figura, vestido daquela forma, com a mão na massa? Parece até uma cena caricata!

Com a Revolução instalada, os reis foram guilhotinados ou fugiram do país e os cozinheiros encontraram-se em situação complicada de sobrevivência, ou seja, desempregados. Não tinham mais para quem trabalhar, foi então que começaram a abrir seus negócios. O nome Restaurante ocorreu um pouco antes da Revolução, em 1765, na Rue des Poulies, em Paris, quando o proprietário de um negócio escreveu em latim uma frase de um dos Evangelhos: “Venite ad me, omnes qui stomacho laboratis et ego restaurabo vos” (Evangelho Segundo São Mateus).  Ele servia pés de carneiro ao molho branco com muito sucesso.  Sua promessa “Ego restaurabo vos” (“eu vos darei descanso” ou em uma tradução livre “eu vos restaurarei”) foi um chamariz eficiente.

As pessoas que chegavam em Paris, procuravam lugares para comer bem.  A frase foi sucesso de marketing, já que os intelectuais revolucionários queriam estar na capital francesa, queriam participar dos movimentos, homens precisavam estar por perto para dar continuidade aos seus negócios. Foi o que bastou para juntar pessoas, cobrando por comida, em um único espaço e bem diferente de hotéis e tabernas mais comuns da época. A coisa foi melhorando, os espaços foram se tornando mais caprichados, o Chef de Cuisine e o Restaurateur tinham mais visibilidade e dedicavam-se cada vez mais para encantar e poder cobrar bem de quem podia pagar.  Diferentes fontes históricas relatam sobre versões dos primeiros restaurantes do mundo, aqueles que foram os primeiros a ter algum registros formal, os que são maiores, menores, enfim, vários, mas achei essa história tão peculiar e curiosa que resolvi compartilhar com vocês.

E hoje?

E atenção: note que temos quase três séculos de diferença para os dias atuais, estamos no século XXI e o objetivo dos negócios de gastronomia continua sendo o mesmo. Incrível, não é mesmo? E mais surpreendente é perceber que a relação com a comida, depois do século XVIII mudou completamente. Os cozinheiros entenderam que seu trabalho é uma arte,  e os clientes entenderam que pagar para comer bem é prazeroso, e que isso dita um movimento comportamental. Vivenciar o comer bem lá naquele momento histórico em que a gastronomia francesa estava acontecendo além dos muros dos palácios foi um grande avanço. Tudo estava mais acessível. Reflita como estamos hoje, olhe a imensidão de possibilidades dentro da gastronomia.

E pensar que tudo começou com o preparo de “Pé de Carneiro ao Molho Branco” e uma frase que prometia bem-estar. Como diriam os franceses: Superb!

No próximo capítulo, vamos falar da diferença de um restaurante para outro empreendimento gastronômico: um bistrô, por exemplo. O que e porque eles são diferentes e no que eles são similares. Até lá!