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Crise nas Bolsas: Tensões Comerciais Entre EUA e China Provocam Queda Global de Mais de US$ 10 Trilhões

Abril de 2025 ficará marcado como um dos momentos mais turbulentos do mercado financeiro global desde a pandemia de 2020. Em meio ao anúncio de tarifas comerciais globais por parte dos Estados Unidos, os mercados acionários sofreram perdas superiores a US$ 10 trilhões em valor de mercado em apenas uma semana.

O gatilho para o pânico nos mercados foi o anúncio feito na última quarta-feira (2) pelo presidente Donald Trump. Durante um discurso transmitido ao vivo, Trump anunciou a implementação de tarifas recíprocas sobre produtos importados de todos os países do mundo, alegando que os Estados Unidos vêm sendo “explorados comercialmente há décadas”.

“A era dos acordos comerciais unilaterais acabou. Se nos cobram tarifas, cobraremos o mesmo de volta — ou mais. O mundo precisa entender que os Estados Unidos não serão mais passivos”, afirmou Trump.

A declaração teve efeito imediato nos mercados. A medida não só ampliou a tensão com a China, mas também gerou preocupações entre aliados tradicionais dos EUA, como União Europeia, Japão e Canadá.

As reações foram rápidas e severas. O índice Dow Jones caiu mais de 8% em três dias, enquanto o S&P 500 acumulou perdas superiores a 10% no mesmo período — entrando tecnicamente em território de correção. O Nasdaq, mais sensível a empresas de tecnologia com cadeias produtivas globais, despencou quase 12%.

Na Europa, o índice DAX da Alemanha caiu 9%, enquanto o CAC 40 da França perdeu 8,5%. Os mercados asiáticos também foram fortemente afetados: o índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 11%, e o Shanghai Composite recuou 10,2%.

No Brasil, o Ibovespa acompanhou o movimento global, registrando queda acumulada de 9,7% na semana, enquanto o dólar subiu para R$ 5,86, impulsionado pela aversão ao risco e saída de capital estrangeiro.

Economistas e analistas financeiros alertam para o risco de que essa nova onda de protecionismo leve o mundo à beira de uma recessão sincronizada. “As tarifas recíprocas podem desorganizar completamente o comércio internacional. O aumento generalizado do custo de importação tende a desacelerar economias e pressionar a inflação ao mesmo tempo”, explica Juliana Carvalho, estrategista-chefe do Banco Terra. Além disso, o anúncio de Trump reforçou a incerteza política e econômica global, enfraquecendo ainda mais a confiança dos investidores e das empresas em suas decisões de médio prazo.

A comunidade internacional reagiu com preocupação. O FMI, a OMC e o G20 convocaram reuniões de emergência para discutir os efeitos do anúncio e pressionar por diálogo. Líderes europeus e asiáticos já sinalizaram que poderão adotar contramedidas, aumentando o risco de uma guerra comercial em escala global. Enquanto isso, os investidores seguem atentos a qualquer sinal de recuo ou moderação nas falas de Trump. No entanto, o cenário de alta volatilidade deve permanecer dominante nas próximas semanas.

Mauricio Barreto

Observatório Econômico