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Um Papa contra os extremos

Em jornalismo temos, ao menos os jornalistas sérios, uma máxima:
Se está desagradando gregos e troianos, provavelmente está desempenhando bem o seu ofício.|

Quando Papa Francisco assumiu seu pontificado há 12 anos encontrou uma igreja em declínio. Os fiéis saíam aos “baldes”, o Papa anterior, Bento, depois de muitas reformas necessárias na igreja havia renunciado e o mundo estava novamente dividido entre “eles” e “nós”.

Foi esse cenário que o “Papa do Fim do Mundo” encontrou e mudou.
Não agradou. Mas não agradou quem? Os extremos.

A extrema esquerda não gostava dele.
A extrema direita não gostava dele.

Ele deixou claro desde sempre que não era para eles que governava. Ele governava para a maioria. E deu certo. Depois de 4 décadas de declínio, o papado de Francisco conseguiu fazer a igreja católica voltar a crescer. 3,3%, fazendo a religião de maior crescimento.

O Papa de hábitos simples, que chocou o mundo ao dispensar o ouro na sua posse, ao dispensar o quarto luxuoso no Vaticano e seguir dormindo em uma espécie de hospedaria que abriga padres de todo o mundo, incomodou.

Ele simplesmente não se importava.
Seguia os mandamentos de Cristo. Simples assim.

Ao mesmo tempo, por exemplo, que dizia que a igreja deveria acolher homossexuais, também era contra a união entre eles.

Fazia campanha aberta contra o aborto, ainda que ouvisse pessoas que discordavam dele.

Não tinha problemas em apontar o dedo para um governando de esquerda ou de direita com a mesma desenvoltura.

O Papa também seguia Cristo em outra coisa, essa bem mais singela: ele era bem humorado. Não vivia carrancudo como se o peso do mundo estivesse sob suas costas, ainda que estivesse. Dizia que Deus era vida e vida era alegria.

Brincava que os brasileiros queriam demais, afinal se Deus era brasileiro, ainda queriam que o Papa o fosse?

Papa Francisco foi o primeiro que sofreu com intolerância religiosa em massa dentro da própria igreja. Sua devoção aos pobres, seu discurso certeiro, não agradava os politicamente contaminados que o acusavam de comunista e, acreditem, extremo capitalista.

Alguns desejavam sua morte na mesma frase em que colocavam “Deus”, com um “se Deus quiser…”

A mim, Francisco sempre foi humano.
Lembro até hoje quando o Papa me conquistou. Há uns 10 anos, em uma estrada secundária da Itália, sem câmeras, sem povo, sem imprensa. Apenas uma estrada e uma família a beira dela.

Essa família, tinha junto a si uma maca com uma pessoa doente, que, segundo falaram depois, só queria dar tchau para o Papa. O carro papal, simples, parou. O Papa desceu, cumprimentou a todos e orou pelo doente. Apenas porque assim era o Papa do Fim do Mundo.

Da última mensagem a seu povo, uma frase se destaca frente as demais e acredito que deveríamos levar ela muito a sério:

Por isso, não podemos estacionar o nosso coração nas ilusões deste mundo, nem fechá-lo na tristeza; temos de correr, cheios de alegria. Corramos ao encontro de Jesus…

Obrigado, Papa Francisco.

Ediney Giordani

Vida & Cia

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