Toc, toc, toc… bate o lápis.
Do outro lado, um homem morde o lábio fazendo mil teorias, aguardando o seu veredito.
Então, o homem vestido de branco faz seus olhos bailarem por números e letras em uma folha branca impressa., segue com sua saga do lápis.
toc.toc.toc.
Respira.
Chega a uma conclusão:
– Você tem um dia. Aproveite como puder. Não há mais nada que possamos fazer.
Incredulidade.
Não é possível.
Não é verdade.
Procura outra opinião.
Mas espere. E se for? Vale a pena perder o último dia em busca de uma confirmação?
Definitivamente, não, pensa.
Então, o que fazer?
Ligar para alguém que não fala há muito tempo?
Perdoar?
Amar?
Dedicar a si mesmo com coisas prosaicas tipo, assistir tv.
Prosaicas para quem?
Lembra de religião, será que foi crente quando devia ser?
Teve fé?
Definitivamente não teve, ou não estaria nessa situação, estaria?
Vão sentir sua falta?
Vão lembrar da sua existência?
Farão um chá para contar suas histórias em uma quinta-feira chuvosa?
Que histórias?
Viveu?
Para.
Respira.
Precisa contar para alguém.
Quem?
Está só.
Não quer incomodar. Nunca quis.
Não, não vai contar para ninguém.
Pega o telefone.
Liga.
Ninguém atende.
Recebe uma mensagem:
– Desculpe, não posso falar agora. Retorno assim que possível.
Se ao menos tivesse dinheiro…
Dinheiro? Para quê?
Dinheiro não mudaria sua situação.
Diabos, porque foi pensar em dinheiro em uma hora dessas?
Calma.
Ainda está na escada do prédio.
Está atrapalhando o trânsito de pessoas.
Não quer atrapalhar.
Opa, já não são mais 24 horas.
Está há 5 minutos divagando.
Tá perdido.
Pensa em ir pra casa.
O cachorro vai entender.
Droga, e o cachorro?
Senta, abre a cerveja.
Pensa o que fazer.
Não faz nada.
Escreve uma carta.
Não tem o que escrever.
Shit.
O tempo está passando.
Tic tac.
Pensamentos vão e vem.
De repente um ruído.
Lá longeeeeeee.
Vai ficando perto…
🎶 pram pram pram pram🎶
🎶 pram pram pram pram🎶
Olha pro lado.
06h35