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Até quando a preguiça irá matar nossos jovens talentos

Se tem uma coisa que a maioria dos recrutadores ou líderes concordam é: nossos jovens estão cada vez mais seletivos, alguns dizem preguiçosos, mas não vamos entrar nesse mérito.

Não escrevo isso no sentido ruim da palavra, o que neste caso seria até mesmo um alento, pois não passaria de uma curva a ser corrigida, escrevo isso como uma cultura que passa a se instalar no subconsciente das pessoas, das coisas que não eram e passaram ser a normalidade.

Trabalho, como vocês sabem, na área da comunicação, estou nesta jornada de gerenciar equipes há uns 25 anos e tenho acompanhado de perto esta mudança, desde coisas bem simples até as mais complexas. Lembrem-se estou falando de generalidades e não de pessoas específicas, é a popular generalização mesmo.

Perguntas que o Google pode responder a um clique, ou sua organização a menos que isso, viram motivos de atrasos e discussões. Um exemplo: Você trabalha em uma empresa há certo tempo, em teoria conhece tudo sobre ela. Aí chega o “novão”, quer e tem que aprender, ok. De repente ele olha pra você e pergunta:

– Qual é o telefone daqui?

Ok, vamos considerar que a empresa é grande e que existam várias linhas.
Ok, ele ainda não se acostumou ao jeito rápido do trabalho e não pôde entrar no site ou no Facebook da própria firma e conseguir a informação por si só.

Você, claro, responde, afinal, por que não?

Uma pergunta tola, despretensiosa que não levará mais que alguns segundos para a resposta. No dia seguinte, adivinha… a mesma pergunta.

Poderia ter anotado? Sim.
Poderia ter procurado? Sim.
Poderia ter guardado na memória? Sim.

Mas, ok, a pessoa é nova, tem muito que aprender, afinal… não serão mais que alguns segundos. Mas, e sempre tem o “mas”, um novo dia e a mesma pergunta, agora acompanhando pela palavra “mesmo”:

– Qual é o número da empresa mesmo?

Nada mudou, os segundos para a resposta seguirão sendo os mesmos das outras vezes, mas o viés da resposta é diferente, a resposta fica mais grosseira, muitas vezes acompanhada de uma crítica:

– Ainda não anotou?

Qual é o problema aqui?

Não é de maneira nenhuma o jovem perguntar várias vezes a mesma coisa, mas sim a cultura que está implantada nele, a de receber rapidamente, sem muita discussão, o que quer. Fazem o que querem, o que gostam e não, necessariamente, o que precisa ser feito. Isso não precisa estar direcionado apenas para o trabalho, mas também para casa, para suas atitudes e até mesmo para atividades domésticas.

– Sou estudante e não lavador de pratos.

O lado bom, se é que podemos chamar assim, é que os jovens estão cada vez mais brilhantes em sua área de atuação, conhecem o “cego dormindo” e vão muito bem no que fazem, os que sofrem são os profissionais sem talento. Acredito que em uma carreira profissional bem sucedida 90% trata-se de suor, 5% de talento nato e 5% de genialidade, é no último item que separamos o MC Gui, do Beethoven, ambos têm talento no que fazem, mas um é gênio, outro não.

Atualmente, cada dia começa como se o talento nato fosse 90%, pensa que os 10% que faltam são referentes a uma genialidade que ainda irá desflorar e esquece, ou ignora, que é necessário o suor, o trabalho, a pesquisa e que principalmente, que a preguiça tem que ser deixada de lado. Que sua atividade é tão genial que não carece de uma supervisão, que a sua medida pode ter deixado um centímetro a mais em uma das pontas sem prejuízo.

Acreditar no próprio potencial é importante, saber do que é capaz, ainda mais. Mas saber patrulhar o próprio trabalho, essencial. Mirar na lua para alcançar as estrelas.

Já escrevi em outra oportunidade aqui um mantra empresarial verdadeiro: as pessoas não são demitidas, elas se demitem, sempre, sem exceção.

Trabalhar, melhorar constantemente, ter como meta baixar a zero o número de erros previsíveis e acima de tudo, buscar novas informações e mais aperfeiçoamento o tempo todo só vão fazer com que você complete os 90% do suor, não tem nada a ver com os outros 10%, sobre eles, pouco domínio temos.

Ediney Giordani

Vida & Cia

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