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Decisão de juros EUA e Brasil: o que esperar da semana mais importante do mercado em junho

A semana entre os dias 16 e 22 de junho promete fortes emoções para os mercados globais, com eventos centrais concentrados na quarta-feira, quando ocorrem as decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil, além da cúpula do G7, que se encerra na terça-feira, no Canadá. Em um cenário que mistura cautela monetária, tensões geopolíticas e volatilidade nos ativos digitais, o investidor terá de digerir uma série de dados e comunicações que devem mexer com moedas, ações, juros e criptomoedas.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deve manter os juros inalterados, diante da resiliência da economia e do mercado de trabalho. Apesar da pressão política especialmente do presidente Donald Trump, que voltou a criticar Jerome Powell publicamente a autoridade monetária americana deve adotar um tom neutro, sinalizando que ainda precisa de mais dados para iniciar o ciclo de cortes. A inflação nos EUA tem mostrado sinais mistos, e o Fed evita correr o risco de cortar juros cedo demais e reacender pressões inflacionárias. Assim, a atenção do mercado estará voltada não apenas para a decisão em si, mas principalmente para o comunicado e a coletiva de imprensa de Powell, que devem dar pistas sobre a possibilidade de cortes a partir de setembro.

No Brasil, o Banco Central também caminha para manter a taxa Selic no atual patamar. Após um longo ciclo de alta e, mais recentemente, uma desaceleração no ritmo de cortes, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve optar pela pausa, adotando uma postura mais conservadora em meio à pressão fiscal e à instabilidade nos preços de combustíveis e alimentos. O próprio Banco Central já vinha sinalizando que, diante da incerteza externa e da recente desancoragem das expectativas inflacionárias, seria prudente adotar uma abordagem mais cautelosa. Além disso, a valorização recente do dólar, a volatilidade do câmbio e o avanço dos juros futuros reforçam a decisão de manter a taxa básica onde está.

Esses dois eventos, por si só, já seriam suficientes para agitar os mercados. Mas o cenário se torna ainda mais complexo com a reunião do G7, no Canadá. O encontro, que reúne as maiores economias ocidentais, acontece sob a sombra da guerra entre Israel e Irã, que dominou a pauta geopolítica nas últimas semanas. Espera-se que o grupo faça um apelo pela desescalada do conflito, enquanto tenta manter uma frente unida diante das ameaças à segurança energética e ao comércio global. As discussões sobre tarifas, cadeias de suprimentos estratégicas e mudanças climáticas também estarão em pauta embora seja improvável que surjam grandes resoluções práticas nesta edição.

Nesse ambiente de aversão moderada ao risco, o mercado de criptomoedas segue oscilando. O Bitcoin tem se mantido em torno de US$ 106 mil, sustentado por expectativas de cortes futuros de juros nos EUA e pela ideia de que, em tempos de instabilidade, ele pode funcionar como um ativo de proteção. A recente proposta de criação de uma “reserva estratégica de Bitcoin” por parte de Donald Trump também tem alimentado o sentimento positivo no setor, embora muitos analistas vejam a atual valorização com cautela, dados os níveis técnicos de resistência e a forte correlação com o ambiente macroeconômico.

Para o investidor brasileiro, a semana exige atenção redobrada. A combinação de decisão do Fed com Copom, mais os desdobramentos do G7, tende a impactar diretamente o dólar, os juros futuros e o Ibovespa. Além disso, o comportamento das criptomoedas pode oferecer oportunidades de curto prazo para quem acompanha o setor de perto. A palavra-chave será cautela com o olhar atento às sinalizações das autoridades monetárias e ao desenrolar do cenário geopolítico global.

Mauricio Barreto

Observatório Econômico

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