O mercado financeiro iniciou o mês de junho de 2025 com certo otimismo, mas também cercado de desafios que seguem no radar dos investidores. O destaque da semana foi o crescimento acima do esperado da economia brasileira no primeiro trimestre. Segundo dados divulgados, o PIB subiu 1,4% em relação ao trimestre anterior, puxado principalmente pelo agronegócio, que registrou um expressivo avanço de 12,2% graças a uma safra recorde de soja. O consumo das famílias também cresceu, subindo 1%, enquanto os investimentos avançaram 3,1%, refletindo uma retomada da confiança na economia.
Apesar desses dados positivos, a indústria apresentou uma leve retração de 0,1%, impactada diretamente pelos juros altos, que continuam sendo um freio relevante para alguns setores da economia. O cenário de política monetária segue apertado. O Itaú, por exemplo, já projeta que o Banco Central deverá manter a Selic em 14,75% até pelo menos o segundo trimestre de 2026. A decisão busca alinhar as expectativas de inflação à meta, mas, por outro lado, impõe desafios ao crescimento sustentável.
O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, trouxe leve melhora nas projeções inflacionárias, com a expectativa para o IPCA de 2025 caindo de 5,50% para 5,46%. Ao mesmo tempo, a projeção para o PIB teve um pequeno ajuste negativo, passando de 2,14% para 2,13%, o que sinaliza cautela por parte dos agentes do mercado quanto à continuidade do ritmo de crescimento observado no primeiro trimestre.
Outro ponto de atenção foi a decisão da Moody’s, que alterou a perspectiva da nota de crédito do Brasil de “positiva” para “estável”, mantendo o rating em Ba1, ainda abaixo do grau de investimento. Segundo a agência, a mudança reflete um avanço mais lento do que o esperado na consolidação fiscal e uma percepção de menor capacidade do governo em reduzir sua dívida. O governo brasileiro, por sua vez, reafirmou seu compromisso com as reformas estruturais e com a disciplina fiscal, tentando sinalizar responsabilidade aos mercados.
No cenário externo, as preocupações se voltam para as novas tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Embora o recente acordo tenha trazido algum alívio momentâneo, declarações do ex-presidente americano Donald Trump, sugerindo a possibilidade de impor novas tarifas sobre metais, voltaram a gerar desconforto nos mercados internacionais. Esse movimento impactou diretamente o dólar, que abriu em queda nesta segunda-feira, refletindo a cautela dos investidores frente às incertezas sobre os desdobramentos desse novo capítulo na disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo.
De forma geral, o mercado financeiro entra em junho equilibrando sinais positivos da atividade econômica com os desafios da política monetária doméstica e as incertezas externas. A combinação de juros altos, pressão fiscal e instabilidade no comércio global mantém os investidores atentos e exigirá, nas próximas semanas, uma leitura muito cuidadosa dos movimentos tanto no cenário interno quanto no internacional.