Os CDs voltaram. As câmeras analógicas nunca estiveram tão em alta. Até fitas cassete estão reaparecendo. Mas o que explica essa onda de nostalgia em um mundo onde tudo parece caminhar para o digital?
Parte da resposta pode estar em uma questão que muita gente ignora: a posse real do que consumimos. Recentemente, o Kindle esteve no centro de uma polêmica sobre a propriedade de eBooks. A Amazon deixou ainda mais claro que os livros digitais não são realmente seus. São apenas licenciados. Além disso, mudanças na política de download limitaram ainda mais o controle dos usuários sobre suas bibliotecas. Isso significa que, se um dia a Amazon decidir remover um livro da plataforma, ele desaparece da sua conta, sem que você possa fazer nada.
E talvez seja exatamente por isso que tantas pessoas estão redescobrindo a tecnologia do passado.
Um CD é seu. Um vinil, uma fita, um livro físico.
Ninguém pode simplesmente apertar um botão e apagar o que você comprou. Há algo de reconfortante nisso. No meio de uma cultura de assinaturas e licenças temporárias, possuir algo de forma definitiva virou quase um ato de resistência.
A nostalgia das tecnologias antigas não é só estética ou saudosismo. É uma reação a um mundo digital onde tudo é volátil e controlado por grandes empresas. Talvez o futuro não seja apenas sobre inovação, mas sobre encontrar maneiras de manter um pouco mais de controle sobre o que é nosso.
Nos falamos na próxima quinzena!