Fico me perguntando se nossos ancestrais mais primitivos tinham o que hoje chamamos de “preocupação”? Algo como ficar preocupado porque não caçou ou não comeu.
O que é preocupação, afinal de contas? Segundo o dicionário é:
- prevenção, opinião antecipada, ou a primeira impressão que uma coisa fez no ânimo de alguém.
- ideia fixa e antecipada que perturba o espírito a ponto de produzir sofrimento moral.
Preocupação, portanto, é sofrimento.
Nos preocupamos com quase tudo hoje em dia, comida, relacionamento, trabalho, entrega de trabalho, desempenho no trabalho, se vamos ou não dar conta dos projetos, enfim…
Preocupar-se está no nosso DNA. Sempre esteve, não sei.
Julian Jaynes, um psicólogo famosão da década de 1960, pensava que a consciência plena só surgiu com a linguagem escrita, com ela teria surgido o primeiro traço do que hoje chamamos de preocupação.
Podemos argumentar que se o ser humano não estivesse “preocupado” com a caça ou a proteção não teria desenvolvido as primeiras ferramentas há mais ou menos 2 milhões de anos? Ou teria surgido com o controle do fogo – 750.000 anos atrás?
De novo, não sabemos.
O que sabemos é que se preocupar tem funções práticas como, preocupar-se em manter a segurança da casa, das pessoas que vivem nela, desligar o ferro de passar roupa ou manter o hálito fresco para não ser excluído de grupos. Preocupar-se em arrumar um emprego para não passar fome ou clientes para fechar a empresa. Todas, preocupações úteis.
Agora, há as preocupações que não nos cabem, mas nos consomem de sobremaneira que acabamos perdendo a paz. Isso é tão verdade que até a biblia falou disso:
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.
*Filipenses 4:6-7*
A maior parte do que nos consome diz respeito aquilo que não temos controle. Será que vão gostar de mim? Será que vou ser feliz? Será que vou ficar rico? Será? Será…
A preocupação virou um instrumento de tortura particular, algo que se une a amiga “ansiedade”, que nada mais é que a própria preocupação com um nome mais pomposo e vai consumindo seu hospedeiro um pensamento ruim de cada vez.
Tenho um conhecido que foi roubado uma vez, entraram na sua casa e fizeram a limpa (quem não tem, né?), depois daquilo que ele instalou uma verdadeira fortaleza em casa, câmeras, alarmes, portas reforçadas. Deve ser mais fácil entrar ou sair de uma prisão federal.
Mas, sempre o tem o “mas”, ele não para de olhar as câmeras, fica de olho o tempo todo. Vive procurando e preocupado com o que pode acontecer. Agora, o que “pode acontecer” vai acontecer com ele olhando ou “sem” ele olhando.
Trata-se, portanto, de uma preocupação vã que serve simplesmente para roubar momentos de paz.
Por fim, sendo cristão ou não, o conselho da bíblia certamente é o melhor, não adianta se preocupar, porque o que você não tem controle, feito estará!