Mas, e quem lê meus textos, sabe, sempre tem o “mas”, algumas vezes a coerência vira teimosia simples e infantil.
Não vou à feijoada porque ontem disse que não gostava de feijão, então, não posso, simplesmente aparecer.
Gosto da Maria. Maria é legal comigo.
Mas, olha ele aí de novo, Maria brigou com José.
José é popular. José é cativante. José é popular.
José não gosta de Maria.
José me pergunta:
– Hey, você gosta da Maria?
Sim, eu gosto da Maria.
Mas espera. Se eu responder que gosto da Maria vou ser tirado do grupo do José. Os amigos do José também vão me deixar. Eu vou ficar sozinho.
Ok, vou falar que não gosto da Maria.
Eu não devo nada a Maria.
Pronto.
– Maria? Não, não gosto dela não.
Coerência é difícil.
Coerência tem preço.
Me digo cristão.
Cristo me diz:
Não matarás.
Não tem vírgula nesse mandamento, não diz, salvo em casos que…
Não.
Só diz, não matarás.
Mas, o grupo que me identifico diz que bandido bom é bandido morto, ou que fulano merece morrer porque é facista ou “que pena que tal político não morreu quando ficou doente”…
Cristo também disse para eu amar o próximo como a mim mesmo.
De novo, sem vírgulas, sem condicionantes.
É simples. É só isso.
Mas o grupo que eu sigo fala que fulano não é Deus porque tem determinada preferência sexual, então, devo me afastar. Ou a sicrana frequenta outra religião, não, devo me afastar.
Cristo, complicado esse moço, me diz que não devo levantar falso testemunho.
Olha só, novamente, outra vez, é simples. Sem condicionantes. Bem simples. Acho que ele fez assim pra todo mundo entender mesmo.
Mas, poxa essa notícia é muito boa para eu não compartilhar.
O quê fulano traiu, morreu, mentiu, roubou?!
Bora compartilhar.
É verdade?
Não faço ideia, mas tá todo mundo compartilhando…
Coerência?
Ai que dor que dá ser coerente.
Acho melhor seguir o conselho do Manuel, o Bandeira:
Vou-me embora pra Pasárgada.
Lá terei… bom você já sabe.